Meu Amor Vai Avoar
Uma novela muito "X"

Meu Amor Vai Avoar é uma novela que fala sobre tudo que voa. Já no primeiro capítulo, a gente pôde ver fogos de artifício, balões, helicópteros e até um disco voador! Aliás... o disco mesmo a gente não viu não. Só quem viu foi a tal de Luzia, que, ao contrário da Santa, não enxerga muito bem.

Foi assim: tava todo mundo numa festinha se divertindo, e Luzia com o pensamento longe. De repente começou um maravilhoso show de fogos! Enquanto todo mundo admirava aquela mistura de Reveillon de Copacabana com São João de Campina Grande, a menina começou a olhar em outra direção. Não mostraram, mas a gente - que não é besta - sabia que se tratava de um disco voador. Luzia, hipnotizada pela luz do disco, pegou a moto e danou-se a correr atrás dele. Chegando ao alto de um morrinho, ela parou. O disco já estava lá, esperando por ela. Ficaram naquela paquera, coisa e tal, até que ela viu o ET na janela do disco, bem pertinho. Acenou pra ele, pensando: "Ai, que ETzão! É hoje que eu vou ser abduzida!". E foi se aproximando, devagarzinho, e quando estava quase lá... que decepção! Abdução coisa nenhuma! O ETzinho devia ser meio veadinho, porque mesmo com uma terráquea daquelas dando sopa, ele foi embora correndo e não abduziu a pobrezinha. Ela desmaiou de desgosto.

Luzia contou o que viu, mas ninguém acreditou nela. A tia chegou a perguntar: “Se era um disco voador mesmo, por que ele não pousou?”. Com medo que seu amor alienígena fosse tachado de veado sideral, ela inventou uma desculpa: “É que estavam fazendo uma blitz ali perto, tia. E como eles também vêem o Jornal Nacional, devem ter ficado com medo”.

Logo no outro dia os sujeitos voltaram, causando um blecaute na cidade. Esperançosa, Luzia voltou ao morrinho, correndo. Mas eles já tinham ido embora. O tal blecaute foi muito engraçado; parecia o encerramento de um famoso desenho animado. Vistas do tal morrinho, as luzes da cidade foram se apagando de um jeito que só faltou mesmo alguém gritar “Vilmaaaaaa!”.

Depois dos discos voadores, Luzia cismou que havia um par de chifres na cabeça do pai. Ele negava com firmeza, coçando a testa: “Eu não sou corno não, minha filha! Eu juro!” Mas ela não se convencia: “Vá se olhar no espelho! Além de corno é cego?” Estava mesmo alucinada, a Luzia. Por conta de um chifre que nem existiu, cismou das pregas e saiu dali correndo para atropelar a mãe com a motocicleta. “Eu mato aquela galinha!”, pensou a pobre menininha.

A mãe, mesmo não sendo galinha, voava (como tudo na novela). E a pseudo-galinácea-voadora chegava de helicóptero, quando Luzia gritou pra ela: “Desça que eu passo por cima de você, sua perua!”. Com medo, dona Sofria tentou fugir e se esborrachou toda em cima de uma casa. Depois de tanta loucura, a menina foi recolhida a um manicômio. Passou três meses lá, coitada, e foi lá que ela descobriu o que era abdução: os coleguinhas de vez em quando davam uma abduzidazinha com ela.

A primeira coisa que ela fez ao sair foi passar um fox pra Fax Modem, aquele agente do FBI que também vive vendo discos voadores e já teve uma irmã abduzida: “Caro Modem, favor explicar como Samantha conseguiu a abdução. É tão bom que ela nunca mais voltou. Também quero!”. O rapaz não respondeu. Mas dizem que em breve vai fazer uma participação especial na novela. Assim que a Globo conseguir os direitos de exibição do seriado Arquivo X, que para os sem-TV-a-cabo só passa na Record.

Eu mesmo já vi vários discos voadores. Em 1990, um monte deles saía com uma velocidade incrível da janela de um vizinho meu, militante de esquerda. Eram discos de Alceu Valença, que naquele ano apoiou o PFL.

Abduzidim. Aliás, Abu Zadim.



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