07/04/97

O jogo do contente

Quem não leu Pollyanna, não sabe o que é o jogo do contente. Quem leu e não se lembra do que é isso, vai poder refrescar a memória. O jogo do contente é uma filosofia de vida bem alto astral, criada pela tal Pollyanna. E é muito simples: você deve ficar contente com tudo o que acontece, porque tudo sempre poderia ter sido pior. Ela, por exemplo, já era contente porque não se chamava Polllllllyannnnnnna. Já imaginou o que é ter que escrever tantos eles e enes? Um par de cada já é o bastante.

A história que eu vou contar agora foi inspirada numa história que eu li em um livrinho. Um livrinho muito sério - acredite -, que me deram na rua há alguns meses. Esse livrinho mostrava aos leitores estressados que eles poderiam ser dóceis e pacientes, em vez de agressivos e descontrolados. Bastava seguir os seus ensinamentos, que pareciam muito com o velho jogo do contente. Por isso, eu vou chamar de Pollyanna a protagonista da nossa história, que era mais ou menos assim:

Pollyanna já é uma senhora. Uma senhora casada e feliz. E leva uma vida cheia de amor, pensamentos positivos, esperanças e... uma paciência enorme! Certo dia, Pollyanna entrou no banheiro logo depois que o marido saiu. E levou um susto arretado: o maridão havia deixado o seu "produto" no vaso. Era um legítimo e gigantesco charada. Daqueles de fazer medo!

Há alguns anos, quando ainda não conhecia o jogo do contente, Pollyanna teria dito, cheia de indignação e repugnância : "Que sujeito imundo! Faz um cocozão desses e não dá descarga!". Mas ela havia aprendido a jogar o maravilhoso jogo, e agora sua vida e suas atitudes eram diferentes. Em vez de ficar zangada ou enojada com aquilo que viu, ela deu descarga e exclamou: "Que bom! O meu marido é um homem saudável. Poderia estar com disenteria, mas esse tijolão afasta por completo essa possibilidade". Descartando-se do "produto" com pensamentos de amor e de luz, Pollyanna ganhou mais uma partidinha do jogo do contente. E ficou ainda mais contente consigo mesma.

Sei não, mas esse joguinho é muito popular aqui no Brasil. Ou será que não tem ninguém pensando que o governo FHC é uma maravilha, e que com Collor era bem pior?...

Abu Zadim


Náutico: 96 anos!

Hoje, dia 7, é aniversário do Náutico. Ele está fazendo 96 aninhos, e eu estou muito contente! Por que? Ora...
Porque já faz oito anos que o time não é campeão pernambucano. Poderia já fazer treze, se a gente não tivesse ganho em 89.

Porque a gente tem um time sem a mínima condição de ser campeão este ano. Melhor assim, porque o clube não vai precisar gastar com os bichos dos jogadores.

Porque o Náutico continua sem patrocinador. A camisa fica mais bonita sem propaganda; tem coisas que o dinheiro não compra.

Porque a torcida do Náutico é cada vez menor. Tem menos gente sofrendo no mundo.

Porque ele está na segunda divisão do brasileirão, quando podia estar na terceira.

Porque todo sábado agora tem o Forró Country na sede do Náutico. E é melhor passar a noite escutando forró cearense, pagode, sertanejo e axé music do que não ter festa nenhuma. Assim, pode ser que a sede desabe e a gente ganhe o dinheiro do seguro. (Se é que o dito cujo está em dia).

E, finalmente, porque eu torço pelo Náutico! Poderia torcer pelo Íbis...
Eu não resisti e joguei uma partidinha. O jogo do contente é tão bonzinho... experimente!

Abu Zadim


P.S. (em 08/04): Hoje eu estou mais contente do que nunca! Ontem, no dia de seu aniversário, o Náutico levou de 5x1 do Sport. Podia ter levado de 5x0, sem fazer sequer um gol de honra (o gol do aniversário). Teria sido uma vergonha. Não foi.

Pior ainda seria se tivesse apanhado de 10x0. Aí fechava de vez, e a gente não tinha mais do que achar graça.

Abu Zadim Contentim


A GRÉIA
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