04/02/97

É Carnaval!
Flanelinhas invadem as ruas do Recife
Disque-Pileque é gréia total!



Flanelinhas invadem as ruas do Recife !

Você, turista, que está vindo passar o Carnaval no Recife, tem que saber de uma coisa... Recife tem uma praga: guardador de automóvel. Os flanelinhas, "tomadores de conta" ou que diabos de nome tenham, multiplicaram-se mais rápido do que ratos da cidade. E, como os parentes roedores, estão em quase todas as ruas do Recife.

Cheios do queixão, assim que você estaciona um deles vem em cima: "É cinco real!". Se você não escutar direito, ele repete: "Cinco real. Adiantado, pra colaborar com a segurança do seu carro". E esfrega um papel na sua cara, com o valor e a frase impressos. Pode olhar se não é, assim que conseguir desgrudar o papel da cara.

Como um sem-terra às avessas, ele invade as propriedades públicas, transformando-as em privadas (às vezes, literalmente). Os flanelinhas são grosseiros e fazem o que querem, mesmo na frente da PM. Não adianta recorrer a um soldado, que ele não vai fazer nada por você. Talvez em respeito a um indivíduo que ganha mais do que ele (o flanelinha, não você; naturalmente).

...E é assim o ano todo. Mas no Carnaval eles aumentam os preços ("são as lei de mercado") e as técnicas de abordagem. Usam cordas, tábuas com pregos e o tudo o que for possível para demarcar seu território (seu não, dele; naturalmente).

O pior de tudo é que esse ano eles têm um patrocinador. Leiam o desabafo greante de Clóvis Lacerda, diretor da Elógica, que arretou-se com essa história:

Não sei qual a impressão e opinião de vocês, mas achei de uma infelicidade incrível a forma como a prefeitura do Recife fez a propaganda na TV do carnaval deste ano. Mostra um flanelinha, como se estivesse "ajudando" a estacionar um carro, "venha, venha.... venha para o carnaval do Recife".

Isso por acaso é uma apologia a essa praga que é a inseguranca na luz do dia e na escuridão da noite, por causa dos flanelinhas? Onde você é extorquido, ou paga ou tem a ameaça do carro arranhado? Quem for de carro para a semana pré em Boa Viagem vai encontrar todas as calçadas de todas as ruas tomadas por cordas, e alguns indivíduos com um papelzinho na mão, "cobrando" uns 20 reais adiantado.

Seria a mesma coisa se a prefeitura do Rio colocasse um traficante com um fuzil "Venha, venha para o Rio 2004"
.


Tem toda razão, Clóvis! A Gréia apóia. Pena que César Maia não seja mais prefeito do Rio. Talvez até ele gostasse de sua idéia.

Abu Zadim


Disque-pileque é gréia total!

O Governo do Estado lançou um serviço muito legal: o Disque-Pileque. É mais ou menos assim: se você tomar aquela carraspana e notar que não vai conseguir dirigir direito, ligue pro Disque-Pileque que eles mandam buscar você, de táxi. É serio! E se o negócio estiver um pouquinho pior, tipo coma etílico, eles ainda mandam os paramédicos pra cuidar de você. Não é ótimo? Diga mesmo! Tudo pela segurança do povo pernambucano.
A Gréia só achou dois probleminhas no disque pileque. Vejamos...

1. O número. Imagine você o sacrifício que vai ser pra um bebum conseguir ligar pra 0800-81000114411000443334444! Não vai ser complicado? E se o telefone for de disco, em vez de teclas? Com tanto zero, quando o dedo do pobre se enroscar por ali, ele manda tudo pro inferno e volta dirigindo mesmo. Já ouvi gente dizer "Como é que eu vou discar tanto quatro? Se eu fizesse pelo menos um, eu provava que não estava bêbado e pronto! Dirigia eu mesmo.".

2. Você pode beber, mas não pode mentir. Se você for um pobre lascado, que não bebeu - nem água - porque não tinha dinheiro, vai ter que ir no ônibus apertado mesmo. Com uma sede medonha e naquele calor arretado. Isso quando ele passar, lá pelas 6 da manhã (se passar. Lembre-se: é Carnaval). Se o ônibus não passar mesmo, vá a pé. Taxi é pra esse pessoal que bebe. Só não vá dizer que bebeu, sem ter bebido! Aí você vai em cana! E essa cana não é de beber...
Eu, como não bebo, não estou nem aí pro Disque-Pileque. Se eu não for de carro até Olinda (pra não dar dinheiro a flanelinha), volto com algum amigo bêbado. É mais negócio.

Abu Zadim



Colaboraram nesta gréia da semana: Clóvis Lacerda, com o seu desabafo gre-anti-flanelinha e - mais uma vez - Giovanni Pelinca, lembrando o Disque-Pileque, que deve ser a maior gréia desse Carnaval...
A GRÉIA
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