DANDO O BOOT
10-02-2000

Esparro arretado

Tem muito pernambucano ridicularizando os dados divulgados pelo IG e pela NetGratuita. É que o primeiro diz que cadastrou 420 mil usuários em três semanas e o segundo diz que cadastrou 830 mil em menos de duas. "Eita esparro arretado!" e "que mentira da bexiga!" é só o que a gente ouve por aí. Esparro por esparro, eu pergunto: quem divulga pro Brasil inteiro que 500 mil pessoas vão ao Recifolia e que o Galo da Madrugada arrasta mais de um milhão e meio pode falar alguma coisa? :)

Exagero ou não, a verdade é que a turma tá num rato tão danado que basta alguém gritar "é grátis!" que corre todo mundo pra cima. Tem gente que é capaz até de assistir um show de pagode se disserem que é de graça! Imagine! Eu, sinceramente, prefiro uma injeção na testa.


É pulha ou não é?

Enquanto mais de um milhão e duzentas mil pessoas já estão usando a Internet gratuita (é o que dizem...), tá assim de gente desconfiada que nem pensa em arriscar: "E no Brasil alguma coisa de graça presta?", dizem uns; "Que tem mutreta tem. Cedo ou tarde a gente descobre", dizem outros.

Ando meio alesado ultimamente e confesso que não consigo imaginar que mal pode haver na internet de graça. A não ser que configurem meu browser pra cair sempre na página de uma dupla sertaneja qualquer, vou continuar achando que não há nada de errado.

Só vejo um perigo — por sinal muito grande: vai que o governo se empolga com esse negócio de internet de graça... democratização da informação... aí pronto! Basta um ameaçar falir e será criado o Prega - Programa de Reestruturação dos Provedores Gratuitos Ameaçados. Não bastasse o Proer! Lá se vai o dinheiro da gente de novo!


Prêmio Rapadura

Li na coluna de Ariano Suassuna na Folha de S. Paulo da última terça-feira (infelizmente só disponível para assinantes do UOL) que ele recusou a indicação que recebeu para o Prêmio Coca-Cola de Teatro de 1999. Aliás, ele deixou bem claro que recusará qualquer prêmio oferecido a ele por uma multinacional.

Radical, ranheta, irascível, durão — e ao mesmo tempo doce — este é o Ariano que eu me acostumei a ver e admirar. Já estava na hora de alguém criar o Prêmio Rapadura de Cultura especialmente pra ele. Nunca vi tão duro e tão doce! (Não venha com insinuação maldosa pro meu lado não que agora eu tô falando sério). Salve, Ariano!


Abu Zadim é editor-geral de A Gréia