DANDO O BOOT
07-06-2001

30 horas de aperreio

Um dia desses meu amigo Célio veio me visitar. Conversa vai, conversa vem, e lá pelas tantas ele me dá aquele susto: "Esqueci de pagar a Telemar!" Telemar? Só de ouvir esse nome já pude imaginar a confusão que estava por vir. E veio mesmo, só que desta vez a culpa não foi dela, tadinha, justiça se faça. O problema foi com o banco 30 horas de aperreio.

Vamos pagar pela Internet? Vamos! Como eu não era nem doido de deixar Célio botar a mão no meu micro, resolvi fazer tudinho pra ele.

— Tá com o boleto aí, não tá? Então diz pra mim o código de barras!

— Como é que eu vou dizer o código de barras? Não sei decifrar aquelas listrinhas não.

— Não, Célio. Tô falando do número. Esse aí junto do código do banco. Dita pra mim.

Enquanto ele procurava o número, a tela de pagamento de contas se abriu.

— Não acredito!

— No quê?

— Vou ter que digitar isso tudinho?

— Tudinho o quê?

— Código da ficha de compensação, cedente, número do documento...

— E o que é que tem?

— Como o que é que tem? Nos outros bancos basta a gente digitar o código de barras e pronto.

— E é?

— É!

— Ah, mas aqui é assim.

— Então tá. Vamos logo pra não perder muito tempo.

Depois de digitar trocentos números a gente recebe uma mensagenzinha pra lá de sacana, mais ou menos assim: "Não foi possível efetuar a transação. Tente em outro horário". Fiquei furioso.

— PQP!

— O que é isso, rapaz?

— Raiva! Como é que pode uma coisa dessas?

— Que coisa?

— A gente passa meia hora digitando um milhão de números pra depois receber uma mensagem dessas?

— É mesmo. Mas fazer o quê? O sistema tá fora, né?

— E daí? Um mínimo de respeito ao usuário faria com que essa mensagem aparecesse logo no início. Tá fora do ar? Então não abra essa porcaria de tela de pagamento!

— Então mais tarde a gente tenta, né?

— Eu mesmo não! Qual é o valor da conta?

— Trinta reais.

— Tá com o dinheiro aí?

— Tô!

— Então me dá que eu pago pelo meu banco.

Cinco minutos depois eu não só tinha pago como já tinha emitido o comprovante pra ele.

— Toma!

— Rapaz, que ligeireza! Obrigado!

— De nada! Da próxima vez vê se não esquece de pagar a Telemar.

— Esqueço não. Por falar em Telemar, você soube como ficou complicado o atendimento automático que eles implantaram?

— Não, Célio. Mas eu juro que não quero nem saber. De raiva basta essa que eu tive agora...


Abu Zadim, editor-geral de A Gréia, é pedavida com essas coisas.